Alessandra Bellotto
Os investidores têm boas razões para continuar apostando nas ações da tradicional Petrobras, gigante de petróleo e energia, integrante do grupo seleto de companhias brasileiras alçadas à condição de grau de investimento e uma das empresas com o maior volume de negociação na Bolsa de Valores.
Mais do que a solidez da empresa, são as perspectivas econômicas e o novo plano estratégico anunciado pela Petrobras que a tornam ainda mais atraente, na visão dos analistas de investimentos. As corretoras Ágora e Geração Futuro, por exemplo, revisaram para melhor suas estimativas para a empresa. Na Ágora, o preço-alvo para as ações PN da Petrobras em dezembro de 2007 foi elevado de R$ 60,00 por papel para R$ 63,00. Segundo o relatório da corretora assinado pelo analista de investimentos Luiz Otávio Broad, a atualização levou em conta os últimos resultados apresentados pela empresa, seu novo plano estratégico e os preços mais elevados do barril do petróleo. A Geração Futuro, informa o analista de investimentos Lucas Brendler, também revisou o preço-alvo para a ação PN da Petrobras, de R$ 60,00 para R$ 64,84, só que para dezembro de 2008.
— Já estamos trabalhando com o cenário de 2008 — diz. Para o final deste ano, o analista estima o preço em torno de R$ 59,00. Brendler destaca que a revisão das projeções para a Petrobras está associada às perspectivas de crescimento para as economias brasileira e mundial, o que deverá manter aquecidos os mercados de atuação da companhia. O analista acrescenta que também contribuíram para a reavaliação da Petrobras os resultados apresentados no segundo trimestre, bem como as metas operacionais da companhia, segundo o plano de investimento para o período de 2008 a 2012.
— A expectativa de preços elevados para o petróleo deve ajudar a garantir a rentabilidade da Petrobras — reitera.
O desempenho da Petrobras na Bolsa neste ano está bem abaixo do Ibovespa, o índice que reúne as empresas mais líquidas da Bolsa — as ações preferenciais da estatal detêm a maior participação na carteira teórica do indicador, com 13,6% —, por conta do fraco resultado financeiro no início do ano. No primeiro trimestre, a Petrobras lucrou R$ 4,131 bilhões, queda de 38% em relação ao mesmo período de 2006. Os números decepcionaram, já que a estimativa do mercado era de ganho entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões.
Já no segundo trimestre, o lucro líquido atingiu R$ 6,8 bilhões, uma redução menor, de 2,2%, se comparada com a queda registrada no início do ano. A melhora foi puxada pelo aumento das vendas no mercado interno, da alta nas cotações internacionais do petróleo, entre outros fatores. No semestre, os ganhos somaram R$ 10,931 bilhões, resultado 20% menor do que o de igual período de 2006. A perspectiva de aumento das margens levou a consultoria CMA a recomendar as ações da Petrobras tanto na sua carteira tática quanto na de longo prazo.
Segundo o economista-chefe do departamento de análise da CMA, Luiz Rogé, o resultado da Petrobras melhorou no segundo trimestre, o que mostra que as perspectivas em termos de recomposição de margens são positivas. A valorização dos papéis da companhia muito abaixo do Ibovespa também abre uma oportunidade de ganho.
Um levantamento da CMA com 12 instituições financeiras, entre bancos e corretoras, mostra que o preço-alvo médio para a Petrobras (ação PN) é de R$ 62,00 para o final deste ano.
O crescimento da Petrobras nos próximos anos está calcado em investimentos da ordem de US$ 112,4 bilhões entre 2008 e 2012, representando uma média de US$ 22,5 bilhões por ano, sendo 87% no Brasil e 13% no exterior. Segundo o relatório da Ágora, o montante corresponde a um aumento de 29% em relação ao último plano estratégico. Já a produção média nacional de petróleo, estima a corretora, deve crescer apenas 2,9% este ano, atingindo 1,83 milhão de barris por dia; no período de 2006 a 2012, porém, a projeção é de expansão média de 7,2% ao ano. Em 2012, destaca o relatório da Geração Futuro, a produção diária deverá atingir 2,42 milhões de barris, levando em conta a entrada em operação de novas plataformas.
Os preços do petróleo, que vêm batendo sucessivos recordes, devem permanecer em patamares elevados no curto prazo, avaliam os analistas. A Ágora projeta um preço médio para o barril WTI de US$ 64,00 em 2008, pouco abaixo dos US$ 66,00 estimados para este ano. Para 2009, a projeção é de US$ 60,00; em 2010, de US$ 56,00; em 2011, US$ 53,00; 2012, US$ 50,00. Na perpetuidade, o preço estimado é de US$ 45 o barril do tipo WTI.
A Geração Futuro, segundo Brendler, trabalha com uma média de US$ 60,00 o barril de petróleo WTI para 2008.
— No curto prazo, os preços do petróleo deverão se manter em patamares elevados, mas bem voláteis. No longo prazo, trabalhamos com a estabilização dos preços na faixa de US$ 50,00 — afirma o analista.
Ele lembra, porém, que nem sempre a alta no preço do barril de petróleo tem impacto positivo na empresa.
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